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Consequências do incêndio de Outubro de 2017 no Pinhal do Rei

            Têm sido muitos os debates, artigos e opiniões, por todos os meios de comunicação social, sobre a origem, as causas e as consequências do incêndio de 15 de Outubro no Pinhal do Rei. Os mais diversos especialistas têm deixado as suas opiniões, ideias e alertas acerca deste incêndio, das suas consequências e da forma como poderemos evitar situações análogas no futuro.
            Ora, acerca das consequências deste incêndio, não é minha intenção fazer aqui grandes considerações, até porque não estaria à vontade para o fazer.
            Porém, porque quero apenas aqui deixar uma pequena animação que fiz com fotografias que fui fazendo após o incêndio em vários locais do Pinhal, do que me tenho apercebido, lembrarei apenas que, com cerca de 86% do Pinhal ardido, foram afectados muitos dos habitats naturais, desaparecendo muita da fauna e flora, incluindo vegetação autóctone e quase todas as árvores notáveis, classificadas como árvores de interesse público. 
            Também o património construído sofreu grandes danos, havendo a registar a perda total de algum do património construído e ainda habitado, com o desalojamento de pessoas e perda de bens, e o agravamento do estado de ruína de algum do património já abandonado (antigas casas de guarda).
            Posteriormente, com o argumento de que possa haver algum “perigo de queda de árvores”, estamos agora confrontados com o encerramento de grande parte das estradas florestais.
            Além disto, outras consequências poderão advir no futuro, como sejam o perigo de contaminação das ribeiras e aquíferos subterrâneos de captação de água e o perigo de desertificação do território após o corte das árvores queimadas. Depois disto, com o terreno deserto, e a não haver uma reflorestação rápida e ordenada, com o devido acompanhamento no futuro para que não se perca, os territórios a Este do Pinhal (Marinha Grande, Vieira de Leiria, etc.) ficarão expostos aos ventos e areias vindas de Oeste, com todos os malefícios que daí possam resultar.
            Por outro lado, com o corte do Pinhal, o Estado vai arrecadar algum (muito) dinheiro, mas, nas próximas décadas, ficará privado da fonte de rendimento que o Pinhal originava (madeira e resina), bem como as empresas que, localmente, trabalhavam para o Estado no Pinhal do Rei.
            Por fim, há o perigo de entrega a privados da exploração do Pinhal ou do seu território, que parece estar a ser cobiçado pelos grandes interesses económicos nas suas muitas vertentes, incluindo o turismo e até, imagine-se, a agricultura intensiva. Será verdade?
            Resta ainda dizer que, não sendo uma consequência do incêndio, nas partes da Mata que não arderam, nomeadamente na denominada “Volta aos Sete de S. Pedro de Moel”, delimitada pelo triângulo S. Pedro de Moel, Ponte Nova e Praia Velha, ainda nada foi feito para evitar que tenha o mesmo destino dos 86% de mata ardida, sendo bem previsível o perigo eminente de isso poder vir a acontecer dada a grande quantidade de combustível acumulado.

O Pinhal Manso do Talhão 226 depois do fogo


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