Têm sido muitos os debates, artigos
e opiniões, por todos os meios de comunicação social, sobre a origem, as causas
e as consequências do incêndio de 15 de Outubro no Pinhal do Rei. Os mais
diversos especialistas têm deixado as suas opiniões, ideias e alertas acerca
deste incêndio, das suas consequências e da forma como poderemos evitar
situações análogas no futuro.
Ora, acerca das consequências deste
incêndio, não é minha intenção fazer aqui grandes considerações, até porque não
estaria à vontade para o fazer.
Porém, porque quero apenas aqui
deixar uma pequena animação que fiz com fotografias que fui fazendo após o
incêndio em vários locais do Pinhal, do que me tenho apercebido, lembrarei
apenas que, com cerca de 86% do Pinhal ardido, foram afectados muitos dos
habitats naturais, desaparecendo muita da fauna e flora, incluindo vegetação
autóctone e quase todas as árvores notáveis, classificadas como árvores de
interesse público.
Também o património construído
sofreu grandes danos, havendo a registar a perda total de algum do património
construído e ainda habitado, com o desalojamento de pessoas e perda de bens, e
o agravamento do estado de ruína de algum do património já abandonado (antigas
casas de guarda).
Posteriormente, com o argumento de que
possa haver algum “perigo de queda de árvores”, estamos agora confrontados com
o encerramento de grande parte das estradas florestais.
Além disto, outras consequências
poderão advir no futuro, como sejam o perigo de contaminação das ribeiras e
aquíferos subterrâneos de captação de água e o perigo de desertificação do
território após o corte das árvores queimadas. Depois disto, com o terreno
deserto, e a não haver uma reflorestação rápida e ordenada, com o devido
acompanhamento no futuro para que não se perca, os territórios a Este do Pinhal
(Marinha Grande, Vieira de Leiria, etc.) ficarão expostos aos ventos e areias
vindas de Oeste, com todos os malefícios que daí possam resultar.
Por outro lado, com o corte do
Pinhal, o Estado vai arrecadar algum (muito) dinheiro, mas, nas próximas
décadas, ficará privado da fonte de rendimento que o Pinhal originava (madeira
e resina), bem como as empresas que, localmente, trabalhavam para o Estado no
Pinhal do Rei.
Por fim, há o perigo de entrega a
privados da exploração do Pinhal ou do seu território, que parece estar a ser
cobiçado pelos grandes interesses económicos nas suas muitas vertentes,
incluindo o turismo e até, imagine-se, a agricultura intensiva. Será verdade?
Resta ainda dizer que, não sendo uma
consequência do incêndio, nas partes da Mata que não arderam, nomeadamente na
denominada “Volta aos Sete de S. Pedro de Moel”, delimitada pelo triângulo S.
Pedro de Moel, Ponte Nova e Praia Velha, ainda nada foi feito para evitar que
tenha o mesmo destino dos 86% de mata ardida, sendo bem previsível o perigo
eminente de isso poder vir a acontecer dada a grande quantidade de combustível
acumulado.
O Pinhal Manso do
Talhão 226 depois do fogo
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