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A mostrar mensagens de 2017

Os primitivos fornos do pez

            Desde tempos remotos que o Pinhal do Rei, também designado por Pinhal de Leiria, forneceu à construção naval produtos como: pez, pixe (pez negro), alcatrão (pez líquido) e breu (pez cozido e seco), obtidos a partir das achas resinosas dos pinheiros.             Inicialmente, estes produtos usavam-se na calafetagem dos barcos e nas abordagens por embarcações inimigas, onde, depois de inflamado e a ferver, era derramado como material de destruição.             Mais tarde, as águas-razes e águas-ruças produzidas nas mesmas fábricas, por destilação das achas resinosas, passaram a usar-se nas indústrias dos vernizes, tintas lacadas, sabões, tinturaria, farmacêutica e perfumaria.             A respeito deste tipo de exploração, a maioria dos autores indica, como referência mais antiga, a existência, em 1475, no lugar hoje conhecido como Engenho, de uma pequena e muito rudimentar fábrica destas substâncias, propriedade de Pedro de Menezes, Conde de Vila Real, que, desde 14

Araucárias no Pinhal do Rei (2)

            Na publicação que aqui deixei em Novembro de 2016 acerca das Araucárias no Pinhal do Rei dizia:             “ O Viveiro Florestal do Tromelgo foi abandonado pelos Serviços Florestais em meados do século XX e destes exemplares de araucária desconheço qualquer vestígio até à data desta publicação.”             Ora, posteriormente, numa visita mais aprofundada ao lugar do Tromelgo, apercebi-me de uma árvore que poderia corresponder ao que, entretanto, tinha andado a investigar sobre araucárias. Porém, não sendo conhecedor destas matérias, e estando a árvore cercada por densa vegetação, onde exemplares altíssimos de acácias quase a ocultavam, ficaram-me na altura algumas dúvidas sobre aquele exemplar. Assim, e aliando alguma inércia, ficou o assunto esquecido por quase um ano.             Já depois do trágico incêndio de 15 de Outubro de 2017, ao voltar ao local, me deparei novamente com este exemplar, e logo as mesmas dúvidas me assaltaram. Regressei então ao local,

Notícias do Comboio Americano.

            Do Comboio Americano, como ficou conhecido o Caminho de Ferro Americano dos Pinhaes de Leiria ao Porto de S. Martinho, já aqui dei algumas notícias da época em que esteve ao serviço.             Juntam-se agora mais alguns recortes do publicado no “Diário Illustrado” ao longo de vários anos:             Em 1873 dava-se conta do número de Quilogramas de objectos vários, entre eles o vidro e produtos resinosos, exportados por este comboio para o caminho-de-ferro do norte.            Em 1874 dava-se conta da grande quantidade de mercadorias a transportar a partir da Marinha Grande, especialmente desde que a Mina da Granja passara a exportar os seus produtos por este comboio.             Em 1877 dava-se conta de um acidente ocorrido neste comboio.             Em 1880 dava-se conta da conta da necessidade de criação do lanço de estrada entre a estação de S. Martinho do Porto e o cais de embarque, prolongando a Estrada Real de Torres Ve

A Fonte de Pedreanes

            A partir de 1909, aproveitando os ricos lençóis de água existentes no Pinhal do Rei, os Serviços Florestais construíram inúmeras fontes e poços, de modo a que trabalhadores e animais que no Pinhal laboravam ali matassem a sede.           É nas margens do Ribeiro de S. Pedro Moel que se concentra o maior número de pequenas fontes, aproveitando as nascentes de água fresca que ali emergem. Contudo, também na fronteira Este do Pinhal existem várias nascentes que deram, também elas, origem a fontes. É o caso da Fonte do Sardão, da Água Formosa ou da Fonte Férrea.             No lugar de Pedreanes, que, pela importância que sempre teve, pode considerar-se o lugar mais importante do Pinhal do Rei, existe também uma fonte.             Ora, não havendo por aqui nascentes de água, que se saiba, nem rede de abastecimento de água municipal, à data de construção da fonte, a Fonte de Pedreanes, assim designada por não lhe conhecer outra designação, terá sido abastecida por um poç

O incêndio de 15 de Outubro de 2017 no Pinhal do Rei

           A Mata Nacional de Leiria, oficialmente assim designada mas carinhosamente conhecida no Concelho da Marinha Grande por Pinhal do Rei, desapareceu quase na sua totalidade.             De facto, com início no passado dia 15 e consequente prolongamento a 16 deste mês de Outubro, um incêndio de grandes proporções fez desaparecer, segundo as primeiras análises, cerca de 86% do Pinhal do Rei, desaparecendo, assim, quase dois terços do património natural do Concelho da Marinha Grande.             Este invulgar incêndio outonal, ocorrido num atípico dia de Outubro, cuja temperatura chegou a atingir os 36º, parece ter tido a sua origem ao início da tarde a sul do Pinhal na povoação da Burinhosa ou nos seus arredores, em circunstâncias ainda por apurar.             Com o país a atravessar um ano considerado de seca extrema, decorrido o Verão e chegando a Outubro mantendo-se as mesmas condições, o incêndio tinha todas as condições para uma favorável evolução. Para além disto, t

O Pinheiro do Sr. Borges

          Existiram noutros tempos no Pinhal do Rei, tal como nos dias de hoje, alguns pinheiros que, pelas suas dimensões ou forma, se destacavam na Mata.             Em 1941, acerca das árvores notáveis existentes nesta Mata, O Eng.º Arala Pinto , Chefe da Circunscrição Florestal da Marinha Grande e Administrador do Pinhal do Rei entre 1927 e 1956, no segundo volume do seu livro “O Pinhal do Rei”, deixou-nos importantes informações .             Entre essas antigas árvores notáveis, existiu no talhão 226 um pinheiro que ficou conhecido como “O Pinheiro do Sr. Borges”. As suas dimensões compreendiam uma altura total de 43 metros e um diâmetro a 1,30 m do solo (DAP – diâmetro à altura do peito) de 1,10 metros.             Idade provável em 1941, 200 anos. O Pinheiro do Sr. Borges – anos 30 do Séc. XX

Mappa dos Pinhaes de S. Mag.de e da Universidade de Coimbra; da Caza do Infantado, e do Conselho de Leyria

            Este mapa, elaborado em 1765, foi composto por ordem do Ministro e Secretário de Estado Francisco Xavier de Mendonça Furtado pelo Sargento Mor Guilherme Elsden.             De ambos os lados deste curioso mapa encontram-se "explicações" económicas correspondentes a cada um dos pinhais nele representado e quatro panorâmicas com os seguintes títulos:             ● “Forma de embarcar Madeira no Verão, em quanto não for praticável o Porto de S. Pedro de Moel"             ● "Perspectiva de huma Nova Fabrica do Pez, que pode dar quasi o necessário pa. o Consumo deste Reino, aproveitando-se a madeira q sem esta applicação se perde inutilmente"            ● "Perspectiva de Porto de St. Pedro de Moel"            ● "Boca da Mina de Carvão de Pedra no Pinhal de S.Me”.             Em 1769, este mapa viria a ser a origem do novo “ Mapa dos Pinhais de S. Majestade, e S. Alteza do Concelho de Leiria e Universidade de Coimbr

Circuito de Manutenção do Ribeiro da Tábua

            Não foi ainda há muito tempo que por aqui deixei algo escrito acerca do antigo campo de futebol situado no talhão 1 do Pinhal do Rei, à esquerda da estrada que liga a Vieira de Leiria à Praia da Vieira.             Deixei, nessa ocasião, por falar da existência de vestígios, ainda bem visíveis, de um antigo circuito de manutenção física em redor desse campo de futebol.            São vários os pontos de paragem e exercício, alguns ainda com os aparelhos de treino, ou parte deles, embora, naturalmente, já degradados. Cada um dos pontos de paragem e treino está assinalado com uma placa vertical, em cimento, decorada com bonitos painéis de azulejo exemplificando o exercício físico a executar. Estes painéis, datados de 1989, dão-nos a indicação de que foi nesse já longínquo ano que este circuito terá sido construído, sendo seu principal impulsionador o Sr. António Vasco, grande entusiasta do desporto em Vieira de Leiria. Por outro lado, estão também assinados pelo seu a

A caruma

            O termo caruma é talvez o mais conhecido para designar a folha ou um conjunto de folhas do pinheiro.             De facto, socorrendo-nos de um velho dicionário, ficamos a saber que, consoante as localidades, encontramos várias designações dadas à folha ou a um conjunto de folhas do pinheiro. Assim, para além de caruma, encontramos por exemplo: agulha, agulheta, argaço, arguiço, candeia, cisca, cisco, faúlha, gravalha, moliço, etc. (Pequeno Dicionário da Língua Portuguesa – Cândido de Figueiredo).             Caracterizando as folhas do pinheiro, pode dizer-se que são uma espécie de agulhas, emparelhadas, de cor verde escura, rígidas e grossas e com 10 a 25 centímetros de comprimento, no caso do pinheiro bravo, enquanto as do pinheiro manso são sempre um pouco mais pequenas. Daqui podemos dizer, certamente, que provém a denominação “agulhas”, relativamente à folha do pinheiro. Porém, quanto às outras designações, indicadas no velho dicionário, não é dada qualquer expl