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A mostrar mensagens de 2016

As fontes de Moel

            A necessidade que trabalhadores e animais que na Mata outrora laboravam tinham de matar a sua sede, levaram os Serviços Florestais a construir, a partir de 1909, um conjunto de poços e fontes, aproveitando as muitas nascentes existentes no Pinhal. Muitas dessas fontes, existentes ainda nos dias de hoje, e a julgar pelas inscrições que em algumas podemos observar, terão sido construídas, ou reconstruídas, nas décadas de vinte ou trinta do passado século, sendo de crer que antes seriam apenas pequenas bicas decorrentes das várias nascentes que ocorrem em vários locais do Pinhal.             O ribeiro de S. Pedro de Moel é resultado de um conjunto de três outros pequenos ribeiros que, vindos de sul, se juntam um pouco antes da ponte de S. Pedro de Moel, na Estrada Nacional 242-2 que liga a Marinha Grande a S. Pedro de Moel. A partir desta ponte o ribeiro passa a correr entre as abruptas encostas do vale que lhe serve de leito, atravessando os locais da Valdimeira e Ponte N

Araucárias no Pinhal do Rei

            No Boletim das Obras Públicas de 1860 foi publicado o que, em 1859, o Administrador Geral das Matas José de Mello Gouveia dizia a respeito de algumas experiências que se vinham a fazer no país com essências exóticas, incluindo na Marinha Grande. Entre várias espécies referia a existência de “Quatro exemplares de araucária imbricata, resto de cinquenta mandados de Inglaterra e plantadas na Marinha Grande, há cerda de catorze anos (1845), resistem à dureza do trato, porque também é rustica a sua índole, sem subirem ainda a maior de 2,30 (metros) de altura e a menor de 0,80 (metros). Para uma espécie que se eleva a 50 metros estão por ora distantes de louvor.”.             Sem indicação do lugar na Marinha Grande onde foram plantados estes exemplares, é de supor que algumas dessas araucárias tenham sido plantadas na Mata Nacional de Leiria/Pinhal do Rei, mais propriamente no Viveiro do Tromelgo .             No mesmo documento, José de Mello Gouveia dizia mais à frente:

A ponte nova da Ponte Nova

            Em Setembro de 1948, a troca de correspondência entre Carlos Manuel Baeta Neves e Arala Pinto , a que recentemente tive acesso, abordava, entre outros assuntos, a necessidade de uma correcção torrencial no Ribeiro de S. Pedro de Moel, desviando o curso do ribeiro e obrigando ao derrube de alguns dos grandes eucaliptos ali existentes, tendo-se já cortado alguns sem aparente necessidade, no entender de Baeta Neves.             Em carta datada de 5 de Setembro, o professor Baeta Neves dizia achar «(…) o caso tão estranho que não queria acreditar; árvores célebres, motivo de admiração de nacionais e estrangeiros, até as leis as protegem quando são de particulares, quanto mais sendo do próprio Estado…». Um pouco mais à frente dizia: «Surpreende-me tanto isto; em primeiro lugar que o ribeiro precise de uma obra tão artificial como a que se anuncia, (…) a intervenção humana neste caso repugna-me em tais moldes; e por outro lado que se cortem para isso árvores tão notáveis.».

Árvore de interesse público - Talhão 274

            Este pinheiro, situado no talhão 274 do Pinhal do Rei (Mata Nacional de Leiria), faz parte da lista completa das árvores notáveis, classificadas como árvores de interesse público do Pinhal do Rei e do Concelho da Marinha Grande, que aqui coloquei e que, tal como outros, “pela sua forma, idade e dimensão, justificam que sejam preservados, respeitados e apreciados”.             A partir de 1892, com a elaboração do primeiro Ordenamento , o Pinhal passou a ter uma exploração ordenada. Os cortes em povoamentos sujeitos a regeneração passaram a ser rasos (talhão completo), seguidos de sementeira natural a partir de sementões, já usados desde a Época Pombalina, sendo este exemplar um dos mais antigos sementões que se conhecem no Pinhal do Rei.             Assinalando o interesse desta árvore, existia a seu lado, em 2008, uma placa identificando-a, estando actualmente desaparecida.             Lugar: Mata Nacional de Leiria - Talhão 274             Nome científi

As Fontes da Ponte Nova

            A enorme riqueza em lençóis de água e as muitas nascentes existentes no Pinhal do Rei, conjuntamente com a necessidade que trabalhadores e animais que na Mata laboravam tinham de matar a sua sede, levaram os Serviços Florestais a construir, a partir de 1909, um conjunto de poços e fontes.             Estas fontes, muitas delas existentes ainda nos dias de hoje, a julgar pelas inscrições que em algumas podemos observar, caso do Tromelgo e Arrife 20 , terão sido construídas, ou reconstruídas, nas décadas de vinte ou trinta do passado século, sendo de crer que antes seriam apenas pequenas bicas decorrentes das várias nascentes que ocorrem em vários locais do Pinhal, tal como se pode ainda ver na Fonte das Canas .             No lugar da Ponte Nova existem duas fontes, situando-se cada uma delas em margens diferentes do Ribeiro de Moel.             Na margem esquerda do Ribeiro de Moel, a maior destas fontes, e a mais conhecida, foi em tempos, a par com a Fonte do Trom

Arranjada a estrada de acesso ao Tromelgo

            Depois de muita polémica, reuniões ao mais alto nível, intervenções de grupos defensores e amigos da Mata Nacional (Pinhal do Rei), artigos em jornais, reportagens na televisão, intervenções nas redes sociais, e, sobretudo, do “jogo do empurra” acerca de quem queria fazer e não podia ou quem podia fazer e não queria, lá se arranjou o acesso ao Tromelgo.             Finalmente foi aberta hoje a circulação automóvel com um novo tapete de asfalto, não se limitando apenas ao simples tapar dos buracos.             Parabéns a quem o fez e ou a quem o deixou fazer. Pena é que não se tenha podido alargar um pouco. Veremos agora quanto tempo vai durar se continuar a ser atravessado por veículos de grande tonelagem, que por vezes ali circulam.             Por outro lado, nas estradas da grande Mata, também vi alguns melhoramentos, com alguns buracos tapados e também com alguns pequenos troços com tapete novo. É certo que alguns destes são troços onde no próximo fim-de-semana

"Aos Pinheiros nas Dunas" (pinheiros serpente)

            Ao percorrermos as imediações da orla marítima do Pinhal do Rei, encontramos os imponentes pinheiros-bravos rastejantes, também conhecidos por pinheiros serpente, que a elevada salinidade proveniente da costa, impelida pelos ventos, impede o normal crescimento das suas gemas terminais mais novas, prejudicando-os no seu crescimento e obrigando-os a rastejar, tomando bizarras formas encurvadas.             Referindo-se a estes curiosos pinheiros, o Engº Arala Pinto , chefe da Circunscrição Florestal da Marinha Grande entre 1927 e 1956, escreveu, em 1938, no seu livro “Pinhal do Rei”:             "Esses pinheiros, pioneiros do litoral, formando os batalhões , são a guarda avançada, os sacrificados, […], a bem dos seus irmãos já distantes do mar. A sua missão consiste na segurança das areias e poderão vir a dar lenhas, resinas, peças para carroçarias, mas nunca se deverão abater senão em pequenas parcelas, em cortes […] (…rasos em pequenas superfícies, máximo um hect

As dunas do litoral português e o Estado Novo

            O meritório trabalho de fixação e arborização das dunas móveis do litoral português, já aqui mencionado , cujos primeiros trabalhos, embora sem sucesso, começaram em finais do século XVIII e se prolongaram por todo o século XIX sendo apenas dados por terminados por volta de meados do século XX, teve, também, nos seus derradeiros anos, um invulgar protagonismo político.             Em 1941, com a publicação de um cartaz (53x38 cm), o Estado Novo, através do Secretariado da Propaganda Nacional, aproveitava o resultado dos trabalhos de fixação e arborização das dunas do litoral português, Pinhal do Rei incluído, para propaganda política. IN: Biblioteca Nacional de Portugal - Biblioteca Nacional Digital http://purl.pt/index/geral/aut/PT/15444.html

Fixação e arborização das dunas do Pinhal do Rei e outras matas

            A maior parte das costas marítimas portuguesas estiveram até ao século XIX sujeitas ao avanço das areias que os ventos arrastavam do litoral para o interior levando à formação de desertos de dunas móveis e à consequente desertificação das terras do interior.             Dizem os historiadores que já D. Dinis, ao incrementar o plantio do Pinhal do Rei, usualmente conhecido por Pinhal de Leiria, teria tido como principal objectivo segurar as areias que os ventos vinham arrastando para o interior. Porém, o certo é que só no início do século XIX se começou a resolver tal problema, tendo os primeiros trabalhos sido ainda realizados em finais do século XVIII, embora sem sucesso.             Para que se pudessem fazer as sementeiras para fixação e arborização das dunas móveis foi preciso construir primeiro um obstáculo que detivesse as areias transportadas pelo vento, de modo a evitar o soterrar dessas sementeiras. Esse obstáculo veio a ser chamado duna primária e foi cons