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O regresso do Poeta ao Pinhal do Rei


O regresso do Poeta ao Pinhal


Há quanto tempo aqui não vinha…
E que bons tempos aqui passei.
Ai as saudades eu tinha
Deste meu Pinhal do Rei…
Mas, agora que regressei,
Quero ir visitar
Os lugares por onde andei,
Sem nenhum deixar escapar.

Quero ir de lés a lés,
Sem obstáculos ou entraves,
Escutar o canto das aves
E o suave crepitar do ribeiro,
Perder o Norte e o paradeiro,
Quero ir de lés a lés.

Quero dar a Volta aos Sete,
E ir ao Canto do Ribeiro,
Andar por aí num aceiro,
Sem nada que me inquiete.

Quero dar a volta à Mata,
Quero ver o Lis e os Campos,
Viajar no Comboio de Lata
E ir ao Vale dos Pirilampos.

Quero ir à Ponte Nova.
No Tromelgo quero ver o viveiro,
E, mesmo junto ao Aceiro,
Quero passar na Lagoa Cova.

Quero ir visitar as Tercenas,
A Crastinha e Água Formosa,
E, com tantas paisagens amenas
Desta floresta majestosa,
Ainda vou escrever uns poemas,
Seja em verso ou seja em prosa.

Quero ver os pinheiros-serpente
E os imponentes sementões,
Que, lançando sua semente
Semeiam novos talhões.

Mas falta-me agradecer
Aos Guardas Florestais
Que, com seu constante labor,
Com afeição e saber,
Trazem sempre num primor
Estas Matas Nacionais.

Ai Pinhal dos meus sonhos,
Ó floresta encantada,
Dás camarinhas e medronhos,
Foste sempre a mais cantada.

Tens fontes de água fresca,
Deveras pura e cristalina,
Aí qualquer um se refresca
Pelo púcaro da resina.

E, de tudo o que lembrei,
Vou então visitar…
E que bom vai ser recordar
Os lugares por onde andei.

Mas, depois de muito andar,
Afinal que vejo eu?
Valeu a pena voltar?

Sim, o que vejo eu?
Vejo estradas e mais estradas
Mas, não servem, estão esburacadas.
O Viveiro não existe
E o Comboio desapareceu.
O Pinhal está triste!
As fontes estão abandonadas
E as águas contaminadas.
O Pinhal está esquecido
E o Ribeiro poluído.
E os Guardas?      
Onde estão os Guardas?

Oh, mas que fizeram ao Pinhal do Rei?
O que fizeram ao Pinhal de outrora?
Será melhor ir-me embora…
Finda aqui o que sonhei.

E alguém me diz afinal
O porquê do que fizeram
À minha Catedral?


José Gonçalves


















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