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Lenhas do Pinhal do Rei concedidas à indústria vidreira

            Durante muitos anos usou-se a lenha como combustível nas fábricas de vidro, razão pela qual as grandes fábricas se situavam normalmente junto das grandes florestas.
            No século XVIII, existia já, a sul do Rio Tejo, na antiga vila de Coina, a Real Fábrica dos Vidros da Coina, cuja lenha para funcionamento dos fornos vinha da zona florestal constituída pelo antigo Pinhal de Vale de Zebro e pela Quinta da Machada, hoje em dia designada Mata Nacional da Machada. Em meados do século, problemas de vária ordem terão inviabilizado e levado ao encerramento a Real Fábrica dos Vidros da Coina sendo que, por certo, entre esses problemas, estaria a ameaça de falta de madeira e lenha dado o grande consumo dos seus fornos, o que inviabilizaria a sua continuação e levaria, também, a própria cidade de Lisboa a uma eventual falta destes produtos, que tanta falta faziam à sua população.
            Assim, o Administrador Geral John (João, como por cá é conhecido) Beare (um irlandês) transferiu a fábrica para a Marinha Grande, instalando-se junto ao Pinhal do Rei em terrenos cedidos pela Coroa. A existência desta grande mancha florestal, o Pinhal do Rei, seria determinante para que, na Marinha Grande, em 1747, João Beare instalasse a Real Fábrica de Vidros da Marinha Grande, iniciando a laboração em 1748.
            Porém, interesses, de importadores, vendedores e fabricantes estrangeiros de vidro, provavelmente económicos e semelhantes aos que anteriormente tinham acontecido em Coina, voltam-se contra a fábrica. As dificuldades aumentavam e, sem protecção de qualquer espécie, passados poucos anos, a fábrica fechou.
            Mais tarde, a convite do Marquês de Pombal, foi Guilherme Stephens (um inglês) que, em 1769, veio para a Marinha Grande restaurar a velha fábrica. Da parte da Coroa recebeu garantias para protecção e defesa da fábrica, entre as quais um empréstimo em dinheiro para o seu relançamento e a cedência gratuita de lenha do Pinhal Real.
            As lenhas para alimentação dos fornos que fundiam o vidro eram de tanta importância para a fábrica que, o Marquês de Pombal, para assegurar e garantir que não lhe faltaria esse indispensável combustível, mandou colocar no átrio da fábrica um marco em pedra com a seguinte inscrição:

             “Por ordem de Sua Majestade todas as lenhas do Pinhal que estão em huma légua o redor deste marco pertencem à Fábrica dos Vidros. 1776”


            Este marco, ainda hoje existente, encontra-se junto à entrada do edifício que foi residência de Guilherme Stephens, e que hoje acolhe o Museu do Vidro. No entanto, este histórico marco, não só passa despercebido à maioria dos visitantes da nossa cidade como também é desconhecido pela grande maioria dos marinhenses. Talvez uma pequena placa assinalando a sua existência despertasse o interesse pela busca de informação acerca do seu significado.

            Coordenadas Geográficas aproximadas:
            39° 44' 59" N
            08° 56' 00" W


O marco

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