Natural de Cinco Vilas, Figueira de
Castelo Rodrigo, onde nasceu a 27 de Janeiro de 1916, Acácio Amaral formou-se
em Engenharia Silvícola no Instituto Superior de Agronomia em 1939. Veio para a
Marinha Grande em 1948, como adjunto da 3ª Circunscrição, sendo nomeado Chefe
da Circunscrição Florestal da Marinha Grande em 1956, devido à ausência forçada
(por doença) do seu antecessor. Foi vogal da IX Região Agrícola no Conselho
Regional de Agricultura, por despacho de 23 de Outubro de 1958, e nesse ano
integrou, como delegado, a Direcção Geral dos Serviços Florestais e Aquícolas
na Comissão Nacional de Organização de Alimentação e Agricultura das Nações
Unidas – FAO.
Com uma visão pragmática sobre os
problemas do Pinhal, Acácio Amaral introduziu novos sistemas administrativos,
modificou técnicas de exploração, com vista a acabar com tudo o que era
supérfluo para a economia da Mata. Como resultado destas medidas, o rendimento
das Matas passou de 14 579 contos em 1970 para 61 590 contos em 1979.
Procurou instituir uma silvicultura
moderna, com vista à obtenção de árvores produtoras de melhor madeira e aumento
de produção por unidade de superfície.
A primeira intervenção de relevo foi
a construção de estradas florestais na década de 50, com vista a facilitar a
circulação de viaturas na Mata e o acesso a todos os talhões. De 1950 a 1963
projectou e acompanhou a construção de 75km de estradas florestais asfaltadas,
e o melhoramento de 40km de estradas construídas na primeira metade do século.
Tal reflectiu-se num maior conhecimento dos produtos do Pinhal, na sua
valorização e, consequentemente, no aumento da procura.
Nos anos 60 definiu novas regras de
intervenção nos cortes culturais, aumentando os desbastes e substituindo
povoamentos envelhecidos que contribuíam para a desvalorização da madeira. Em
1970 foi o impulsionador do inventário florestal. Para tal foram instaladas
provas de amostragem permanentes no Pinhal, com medições de 5 em 5 anos, com
vista ao conhecimento do material lenhoso, seu crescimento e dimensão dos
produtos, bem como a gestão das intervenções culturais realizadas e que, a
partir daí acompanhadas e registadas de modo preciso. Foi aliás sob a direcção
de Acácio Amaral que passou a ser obrigatório o registo de todas as
intervenções no Pinhal. Tal resultaria na existência de um conjunto de dados
valiosos para a gestão da Mata e para o estudo do pinheiro bravo.
A elaboração de tabelas de volume
para o pinheiro bravo foi outra iniciativa da sua autoria que veio permitir uma
avaliação mais precisa do volume dos povoamentos. Estas tabelas adquiriram tal
importância que algumas foram utilizadas para cubicagens de arvoredo em todo o
país.
Em 1980 foi sob sua direcção
elaborado um novo Ordenamento, assente em novos princípios de gestão e
objectivos, em que se passou a considerar a Mata como um todo, terminando com a
divisão em séries de pequenas dimensões. Além disso, foi ainda elaborado um
plano de exploração por decénios, para uma revolução de 93 anos, sujeito a
revisões periódicas.
Se algumas das obras que implementou
mereceram elogios - como a construção e renovação de vários quilómetros de
estradas florestais, a desagregação da surraipa, a montagem de uma serração
mecânica em Pedreanes e a construção de várias residências para os
trabalhadores florestais – outras decisões foram alvo de contestação.
Incluem-se os cortes rasos que desnudaram algumas zonas do Pinhal, a venda do
comboio de lata, bem como a decisão de mandar retirar as mesas em algumas zonas
aprazíveis como Tromelgo, Árvores ou Valdimeira, votando-as ao abandono. No
entanto foi indiscutivelmente um trabalhador incansável, cuja contribuição para
a gestão florestal de um modo geral, e do Pinhal de Leiria em particular, foi
decisiva e marcante, sendo o seu desempenho reconhecido superiormente pelos
votos de louvor que recebeu em 1971 e em 1986.
Aposentou-se em 1 de Setembro de
1986, após 38 anos ao serviço da Circunscrição Florestal.
In:
http://www.afn.min-agricultura.pt/portal
Patente
de 10 a 27 de Março de 2011 na exposição "Factos e Personalidades do
Pinhal do Rei", na Galeria Municipal da Marinha Grande – Edifício dos
Arcos (Jardim Stephens)
Caro J.M. Gonçalves
ResponderEliminarPara além de o felicitar por esta parte da nossa história, que nos vai contando hoje recordou-me momentos que me marcaram.
Os meus Avòs paternos viveram muito tempo nas Cruzes (local onde hoje tenho a minha residência oficial). Passava lá muito tempo. Quase todos os dias passava uma "Charrete" que presumo, tranportava o Engº Amaral do Parque do Engenho até à circunscrição florestal e vice versa.
Ainda tenho na memória a beleza do conjunto e o barulho dos cascos dos Cavalos.
Cumprimentos
Rodrigo